28 dezembro 2008

I.

Hitler a vir-se para dentro de um vulcão activo
O sémen do mal e o sémen do mal
dois segundos antes da erupção nós os cozinheiros do Partido Nazi começamos a preparar uma gelatina de morango em forma suástica.
As meninas gulosas andam à nossa volta sem razões para desconfiar da simbologia

………………………………………………………………………………

Hitler espia o Hi5
das mais perversas raparigas do Terceiro Reich
imagina que elas fazem às cinco da manhã com os peluches no meio das pernas enquanto os aviões alemães levantam voo para proteger o seu sono



imagina uma menina gulosa, o sorriso de desprezo com que enrrola a trança
os seus testículos redondos não param de produzir esperma…


(Continua)

O Hipotauro

A trinta quilómetros de Meca existe um labirinto protegido por sete pássaros simbólicos.
Ao centro está a estátua de um gigante Hipotauro esculpido em gelo.
Todos os dias pouco depois do meio-dia o Hipotauro começa a uivar uma música muito triste em antigo aramaico. Embora ninguém perceba o que canta o hipotauro, todos sabem que é algo muito triste. O gemido do hipotauro ouve-se bem longe e chega a Meca. Esta triste música impõe o recolher obrigatório. O hipotauro chora e as ruas ficam perigosas.
Dos seus olhitos de gelo pingam então lágrimas de mel e assim que o seu triste uivo cessa, o Hipotauro começa a derreter rapidamente, pingando para o chão sob o forte sol do meio-dia, deste degelo resulta uma água sagrada que inunda todo labirinto. Podia-se dizer que mais do que físico este degelo é voluntariamente acelerado pelo Hipotauro na pressa de sonhar com a segunda Bagdade. Mesmo no deserto o sol não tem força suficiente para derreter rapidamente tão grande estátua.
Aparecem então os funcionários do Simbólico, que começam a trabalhar com uma dedicação invejável, recolhendo toda a água para voltar a encher a forma do hipotauro.
O Hipotauro é então carregado em animado cortejo até ao sarcófago-frigorífico, aí repousa um leve sono. Diz-se que enquanto gela o hipotauro sonha com a Bagdade celeste, cidade flutuante no ar envolta numa nuvem de ópio onde as leiteiras levam o leite ao seu destino. Onde as ambulâncias servem para levar o leite ao seu destino e onde os carros funerários e os tanques servem para levar o leite ao seu destino.
O Hipotauro de sonhos utópicos gela, e ao gelar os seus sonhos ficam mais pesados e reais.
Na sua forma gelada ninguém sabe o que sonha.

O Tigre no castelo de Kafka

“Caminante no hay camino, el camino se hace caminando”
António Machado


Uma estrada de prata
Onde se perdem os suicidas,
que leva ao centro da alma,
Borges perde-se num caminho bifurcado
que leva a um castelo
encontra um tigre a olhar para o grande espelho
o seu olhar manso e distraído
a quem os corvos chuparam a vida


no interior do castelo:
quero escrever como uma possessa
até o diabo vir com as suas mãos de cereja
tocar-me no ombro e dizer que o venci…
Sarah Kane a subir a estrada
A estrada da vida é a estrada da vida
Demoramos dois séculos a ligar o forno
Sylvia Plath a beijar Dante -


Kafka sabe que é perigoso escrever…
O interior do castelo está cheio de morcegos,
de corvos e caracóis - para escritores tristes


O tigre espia numa estrada que leva a Chernobill Celeste
imaginada por Sarah kane num diálogo eterno com Papini
as almas gémeas fundem-se

As mãos derretem por cima da serradura,
O que interessa é o processo


ele foi escrito / encontrado por Sarah Kane
No meio de um holocausto digital
Os anjos esquecem enquanto sobem
uma estrada que leva a um castelo – Por onde Kafka sobe
um tigre com consciência do ridículo Sonha África
Percorre as ruas de Praga com um passo Seguro e Forte
Para se escrever a si próprio numa língua que há de vir


Chegaram à Chernobill Eterna
a subir os anjos esquecem…

26 dezembro 2008

Jorge Mourinha - O crítico Lúcido! [5 Estrelas]


...«Haverá certamente muitos cínicos que não resistirão a troçar da sinceridade de Baz Luhrmann e que descartarão «Austrália» como fita fora da tempo e fora de moda. Mas não é para esses que este filme foi feito - e eles é que ficarão a perder. «Austrália» é glorioso.»


in ípsilon: 26/12/08


25 dezembro 2008

Lenine

Lenine I – O Amor ou Dos seus Pêlos.

O teu rosto apesar de nunca o ter visto
Não me é estranho.
A tua careca excita-me, assim como os teus
Pêlos púbicos enfraquecidos.
Quando no meio da multidão ergues o teu
Braço imagino a pujança do
Teu membro na tua juventude.
Eu Lambistova, sempre amei esse teu
Cheiro a cebolas misturado com voldka.

Lenine II – O homem ou Da sua Careca.

Na tua careca comunista vi patinar
Um piolho russo, trazido dos
Campos de concentração da Sibéria.
Pensei por momentos ser uma pulga
Do teu amigo mais íntimo, mas não!
Piolho forçado a deixar o seu lar.
Triste Piolho que tantas figuras tristes produz.

Lenine III – O legado ou Porque não sou comunista.

Não me obrigarás a vestir esse horrível uniforme
Verde couve e a declamar orações ao teu rosto magro.
Poderás até colar uma etiqueta falsificada da
Dolce & Gabanna mas não me convencerás. Não o vestirei.
Nos meus livros e na minha liberdade não lhes tocarás
E sempre que quiser, mal de ti, direi, com ou sem Vodlka.
Absolut… anti-comunista até à morte.

«Austrália» - [4-Estrelas] - Versus- Críticos- [Meia Estrela]


Apesar de um certo sentimentalismo fácil, não posso condenar inteiramente o filme. Entendo alguns comentários negativos dos críticos de cinema, mas sinceramente a crítica de cinema, como toda a crítica em geral, deixa muito a desejar. Carregada de Pseudo-intelectualismo ela deixa de prestar atenção ao conteúdo e sobretudo às imagens projectadas no ecran. Haverá imagem mais intensa em «Austrália» do que a evocação das botas estragadas de Van Gogh?...Ah e agradeço a Baz Luhrmann nao ter morto Nicole Kidman. No cinema AINDA existem finais felizes!!!



22 dezembro 2008

Robert Morris- Vetti III, 1983.


Morris Vetti Apaixonado III





Porcos e porcas coexistem com Porcas e porcos
Jejum pra judeus
Gula pra cristãos

Paixão para Morris

Da carpete estragada de Edson
Robert produziu o retrato da vagina da sua porca
Oh tão belas peles cor- de- rosa
Que tanto maravilhas o mundo da Arte.



21 dezembro 2008

Não te oiço

Cláudia Consciência

Cerra os teus lábios
Não te oiço
Sou surda às tuas palavras
Inundadas de verdades falsas
Alagadas de sentimentos não sentidos
Banhadas de um podre que fede
Afogo-me nesse teu falso mundo
Não sei nadar no mar vazio que te rodeia
Cala-te!
Coso-te a boca para não mais te ouvir
Quero o silêncio da verdade
Venham as palavras
Mas não as tuas
Quero a pureza dos sentimentos
Preciso deles
Não de ti!

TIgre de Ouro

"O único mistério é haver alguém que pense no mistério"
Fernando Pessoa

Lorde protector:

Escrevo-te para dizer que os teus castigos não chegam aos calcanhares dos humanos.

Os teus prazeres são tão pequenos, as tuas frutas e flores não produzem drogas suficientemente fortes - precisam de ser modificadas pelo homem para provocar alucinações verdadeiras
Já estiveste no inferno – Com os ratos a comerem-te os dedos?

Tal como Papini o azul do céu mete-me nojo, –
Toda a natureza me mete nojo –
Esvaziem o Atlântico de mar e encham-no de lobos - Que todo o mar uive ! Ou todo o mar chore - As plantas - usem-nas para enforcar os poetas e que Ovídeo seja obrigado a ver.

De todas as figuras de estilo a hipérbole é a que menos me enoja …
Tal como Zaratrusta Tenho medo de me partir ao meio,


E não viverei tempo suficiente para ver a musa de Clio a fritar as pernas aos historiadores pouco metódicos, antes disso arrebento de tanto acreditar no Homem

Tal como Galctus a minha fome não se sacia nem com uma galáxia inteira, principalmente depois de saber que dois corpos nunca se tocam…

E para quê O mito do eterno retorno
Se amanhã voltará a haver rojões à portuguesa?

não descansarei enquanto não for inventada uma cadeira eléctrica que aproveite o uso das marés para produzir um choque tão forte e intenso que nunca mate - mas que frite lentamente os poetas que cantam as ondas que vão e vêm – Porque é que as ondas vão e vêem provocando momentos bucólicos? Porque é que o mar não está quieto?
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Amo tudo que é inútil, tudo que não serve para nada me excita violentamente
Homens e mecanismos inúteis – corações a bater para nada


Estou triste - tristíssima - por não ser a Suécia inteira
e choro lágrimas de sal que inundam Copenhaga de tédio
Tapo o Sol com as minhas mãos de nuvem e trago a tristeza ao mundo...

Amo-te por seres incompleto LORDE - Por ter de ser o homem a criar-te!
Ele - Quem - Onde? - Fodasse amo-te mesmo! Tal como Sarah Kane -
amo-te mesmo - amo-te mesmo - amo-te mesmo Fodasse...


Violeta de Gand, 2008

Libertar-me…

Cláudia Consciência

Corta estas correntes que me prendem
Não quero trancar-me por dentro
Não quero esquecer como sinto a tua ausência
Vou permanecer aqui com toda a minha tristeza
Para nunca saber o vazio que deixarás em mim
Pergunto o que há de errado comigo
Ou contigo
Ninguém responde
Porque não te oiço?
Porque são mudas as tuas palavras?
Como eu queria deixar-te ir…
Sozinha na escuridão afogo a tua partida
Qualquer coisa é melhor do que ficar sem ti
Sem nós
Terei eu de voar para longe
Para encontrar o meu verdadeiro lugar?
Não quero trancar-me por dentro
Não quero esquecer como sinto a tua ausência
Meus Deus, conseguirei eu libertar-me…de ti?




Vítor Teves

Nostalgia

I

Um homem caminha
Um homem caminha e quando caminha
Nunca caminha sozinho
Com ele o frio no rosto e a memória do tempo perdido
Um homem que é todo um mundo
Caminha
Pára
O homem pára
A vela que consigo trás tende a apagar-se
Tentativas falhadas de recordar o esquecido
Um homem
Um homem de costas frente ao inevitável
Caminha
Caminha e chapina as poças de água
E gela a evidência do seu percurso
O vento fere a chama
Um homem caminha

II

Recomeço
Um homem parado olha a esquerda do seu ombro
Inspira
Um homem caminha
Primeiro passo arrastado para o inevitável
A chama acessa é protegida pela capa cinzenta do homem
A capa
A capa protege e caminha com o homem
Um homem
Um homem de costas protege a chama que o desilude
A chama evapora-se
Um homem desilude-se mas caminha
E recomeça a ambição
O amor

III

Primeiro passo de um homem
Passo levantado de um homem
O sexto passo perdeu-se
O sétimo é ainda visível
Ao oitavo perde-se definitivamente no frio do dia
O passo
Um homem caminha
Um homem calado caminha
Um homem
Um homem tropeça num vidro partido no chão
Onde o silêncio é quebrado
Trimm
Um homem caminha lentamente
E lentamente protege
As mãos protegem a chama
As mãos
Um homem
Um homem chega ao seu destino coloca a chama e Morre

Tchaikovsky

Cristo scanizado






Vítor Teves

20 dezembro 2008

Alma minha

Cláudia Consciência

Que mal é este que não tem cura?
Que pesadelo é este que me tortura?
Será somente a minha estranha loucura?
Queria eu ter uma alma que não sente
Queria eu ter uma alma que não dói
Mas esta que tenho sente
Esta que tenho dói-me imensamente
Morro cada vez que sinto
Morro mais ainda cada vez que sofro
Tudo em mim se rompe
Tudo em mim se rasga violentamente
Que sobrará de mim?

Arranquem-me esta alma!

Estranho Amor

Cláudia Consciência

Estranho amor este
Estranha dor que me faz sentir
Trespassa-me, devora-me
Sedenta de carne e sangue
Estranho amor este
Estranha dor esta
Que me suga a alma
Mas mantém viva!
Estranho amor este
Que só eu conheço
Estranha dor esta
Que só eu sinto
Que me tortura com tudo
Me baralha com nada
Mas não é estranho este amor
Não é estranha esta dor
Estranha sou eu
Que me alimento do que me mata!

Caminho para o fim

Cláudia Consciência

Não me sinto
Não sei o que me resta
Sovei-me
Com os espinhos afiados dos meus medos
Enterrei-me
Nos buracos mais profundos da minha infelicidade
Feri-me
Sangrei
O meu corpo é escravo
A minha alma submissa
De quem nunca encontrei
Cansei-me
Desfaleci
Olho-me com as lágrimas que caiem
Não me sinto
Não sei o que me resta
Não vejo princípio
Só fim
É este o meu castigo
É esta a minha penitência
Não há mais caminho para mim!

Os três pastorinhos búlgaros

Nossa Senhora não se esquece da Bulgária,
Depois da escola os três pastorinhos vão lanchar
Pães com manteiga molhados no café com leite
Leite quente – faz frio – na montanha
Muito frio na montanha BRRHh


Nossa Senhora não se esquece do povo búlgaro,
Dá-lhes frio quando é preciso e sol quando é preciso,
Quando é preciso os búlgaros também têm neve,
As ovelhas sobem a montanha seguindo os passos dos
Três pastorinhos – sobem as ovelhas,
descem as ovelhas,
descem a montanha, as pessoas e as ovelhas


Nossa senhora não se esquece da Bulgária
Aparece sempre bela e provocante aos búlgaros
no seu vestido de seda vermelha,
braços macios, não feitos de luz, mas de carne humana
ajoelham-se diante dela á sombra duma oliveira
Os três pastorinhos búlgaros

19 dezembro 2008

Gameto Femenino

Es de esa manera?
Así?
Como el viento se agolpa en los labios y entra en la boca,
corre serpenteando,
se anuda,
para luego desatarse.
como llegan las palabras al aire
y llena el vacío con un estruendo
y partido el silencio
en sonidos que son heridas
en voces que hacen llagas,
como dices casi desesperadamente,
ven quedate aqui,

Hora,
Forma,

Porque necesito de tu fútilidad
para mantener la idea de una línea
en un volumen espontáneo
que me saque de los planos bidimencionales
de las metáforas abiertas
y me acerque un milímetro a tu carne
y con las manos hacer de tu sudor
un hálito perdido
pedazo de luz nauseabunda
o podrida
recuerdo de que a través de tu cuerpo
recobré mi ilusión recidiva
por la pura vanalidad de recorrerte
presindiendo de explicaciones
obnibulado

Hora,
Forma,

Nusestra cita inconclusa termina
para avanzar
sobre bocanadas de humo
en palpitaciones eléctricas,
bajo el mismo artilugio
con el que escondo
mi naturaleza yerma,


Forma,
Hora,

Si nos perdemos
no hay porque pensarnos
que yo te inventaré desde mis palmas
con otro nombre...

Pôr do sol em Guantanamo

Senescência

A dor obriga-nos a Amar,
A mais frágil, a mais leve dor.
Genética escolha imposta, que
Perpetuando, nos aniquila,
Vitimas e juízes da continuidade.
Criaturas de criação de Dor.

Não participarei nesse pacto. No olhar meigo de um velho vi perderem-se no meio da tarde as sombras e sobre elas apontei 4 e 4 + 4. Adulemos a morte e dêmos por extinta esta perpetuação ridícula da vida Humana.

Quem mais doloramente a sente
Quem mais doidamente a vê
Mais Ama o Outro,

Quatro e quatro nunca são quatro.

Banksy

Delírio Húngaro

I.

Tal como a Morfina, tiro a dor ao homem
Quem me olha nos olhos nunca mais será livre
Sou a mulher mais bela de todas as mitologias
Sou o paraíso em vida – o mais perigoso de todos,

Sou loucura criadora
Patrícia, a Irmã de Deus
Os meus filhos são todas as coisas,
Todas as possibilidades minhas filhas


Induzo os mais complexos suicídios,
Dou a vida e tiro a vida e não acho isso bem nem mal porque sou uma flor e as flores não julgam – são indiferentes e tristes
Aconselho os românticos alemães a pegarem nas suas espingardas e a lutarem por causas inúteis
Meto-lhes pólvora nas armas,
Provoco-lhes os Maiores prazeres


Sou feita de carne e não de luz –
Sou Nossa Senhora do Pólo Norte
a ver o sol derreter-se
e pingar sobre o gelo:


..................................................................


II.

Sou o sonho de um camelo deficiente
O delírio das gémeas siameses
O pesadelo de quatro girafas recém nascidas
A paralisia é o contrário de Deus
- dizias
Por baixo das minhas saias, afago-te a cabeça -
Sou as cinzas de um ditador a voar no bico de um corvo
todos os vendedores de marmelada na fronteira do Iraque
Por baixo das minhas saias - torna-se bem evidente que te amo


………………………………


III.

Sou a possibilidade –
Na minha boca os bois lavram os campos,
Deixam as marcas carolinas das suas patas
O arado escreve na minha língua uma rima de Petrarca
Em letra carolina da mais perfeita caligrafia
Mi fluorescente métrica nova
La porole ideal,
As fadas papistas de tule
Lambuzam-se de geleia e compotas
Sonhos: os mais doces, por exemplo
África partiu-se ao meio
Na minha boca África inteira
Na minha boca os bois lavram os campos
Link, link, link, link


IV.

O medo de ficar sozinha, com a deusa da fertilidade a roer-me o
Útero
Os desejos mais fundos – de um operador de gruas
A boca cheia de neve
Os cabelos a arder ao som da música – ruivos – os phones !
As nuvens do sonho são menos bonitas
Flocos de neve em Bruxelas, os anjos aquecem-se



Percorro todos os dias uma auto estrada de prata que vai
Até ao centro da tua alma
O prazer está em cada átomo
Em cada átomo – o universo


Os pasteleiros batem a massa em toda a Hungria
na Alta Hungria
E na Baixa Hungria
Amanhã os meninos húngaros, os mais gulosos -
os pasteleiros húngaros, os mais tristes
Olha para mim nos olhos
tenho os olhos tristes, dizias:
Os mais tristes de todos


Violeta de Gand, 19-10 -2008

Banksy

O outro

Tracey Emin

A este Porto Ígneo e Radioactivo

As canetas estão flácidas, mas a cidade recusa-se a morrer.

Fervo na alma, quem diria, de tão muda e queda,
Os olhos fecho e mal me mexo,
Enquanto a culpa em mim se hospeda

Debitamos palavras sem nexo
Com o vício dos profissionais do sexo
E assim nos entretemos nos serões declamados
Alienados, pamonhas, pedrados,
Armados em intelecas
Damos versos em vez de quecas
Aconchegamo-nos no buraco infestado
Entre o papel e o cigarro enrolado

Dilatam-se as veias por vocação
Tamanha emoção, frémito erudito

E a noite é isto, com todo o preceito,
Mão ora no ar, ora no peito
Sem pudor na entoação ou no grito

Alimentamos a veia literária
Num ritual da palavra vazia
Esquecendo a reforma agrária
Ignorando a merda na pia

E a alma, (que podia ser lama),
Ferve e uiva para dentro:
Sai daqui
Vai para as escadas da câmara
Grita palavras de ordem
Come os remorsos que te mordem
Esgaça a baixa, fode no centro
Descobre a radioactividade
Entra pelo granito adentro

Ressuscita a cidade
Resgata-a do mijo nas esquinas
e do medo do escuro
Sobe à Torre dos Clérigos
De vertical tão puro
E faz, lá de cima, tamanho basqueiral,
Que acorde o Rio
E faça do teu Porto o tema
De um poema
Em espiral

Página de rosto

Genoma - Eva e Eva


Cecília Ferreira - Exercício 4

Fui ao teatro naquela rua estreita
sentar-me na cadeira à larga à tua frente
Tinham-me dito que vista de perto é que eras
Liguei os projectores e o som da tua imagem
e instalei-os nos meus sentidos
sem maquinaria de cena só sinestesias

O teu aparelho fonador bailarinava graciosamente
enquanto eu me expandia em exaltação
Vi então a primeira gotícula de suor a insinuar-se na tua fonte
e esvaí-me em sede
Os teus dentes brandos desejavam-me
só podiam desejar-me porque li-os
E os lábios? Ah… nus escorrendo brilho
Reparei depois no teu cabelo –
ondas de um qualquer mar cheio de cheiro
Nasciam na cabeça a foz era no peito
vale de brancura firme e deleitosa
Pus-te nua sem o teu consentimento
enquanto enrijecia de um gozo vindo do centro

A tua voz de diva tenra a masturbar-me sem mãos
até aos aplausos… até ao fim dos aplausos
(Terei de voltar noutro dia
Sentar-me na mesma cadeira
E concluir-te a dramaturgia)

Jacques, o espectador

A la poetisa

Haber si me explico, con todo lo que dije solo quería decir. Muchas veces[una miríada, tal vez]la poesía como la pornografía alejan a la sensualidad[y cuando a sensualidad me refiero estoy diciendo sexual, es cara a cara, cuerpo a cuerpo, cuerpo sudoroso y extaciado, friccionado, con necesidades básicas instintivas y motivaciones de reproducción animales y porque no hasta vegetales(acaso sabemos algo del placer de las plantas, de sus silenciosos y culpables orgasmos?) Entonces podría decir cuerpo arado, presto a ser fecundado,sembrado y es: ser cosechado / movido/ labrado, apunto de recibir cinética y ya preso de la cinegética: cuerpo tumbado, abandonándose, manoseado, medio desbalanceado, mestruado y descarado, combativo pero derrotado y exasperadamente cansado, osea seducido y lleno de ganas]y el linotopista ante el deseo se ve rídiculo diciendo: te quiero [y aqui se acaba cualquier insinuación que es el juego del filtreo y la seducción(osea la palabra queriendo decir, estuve pensando en ti todo el día nada mas porque se me dió la pinche gana, me imaginé que te abrasaba y desconocía, que te quería pero ya era imposible nuestra relación Era necesaría la separación, porque lo que verdaderamente se quiere se deja, como se dejan los recuerdos, como se deja al amor de la vida para que inexorablemente lo sea siempre) se susutituye por un termino cansino recurrente y aburrido]Si quise decir eso pero no lo dije entonces me disculpo porque te estaba mintiéndo, en realidad me demostraba que para sentir no se necesitaba del cuerpo; en cambio hay palabras que te tocan y hasta te ensalivan la garganta o te despienan el cabello y mejor aún si provocan asco y vomito.
Y sí, aunque tú no lo dijeras o yo lo haya dicho. Hay poetas pusilánimes; hijo e putas come mierdas que en su vida debieron escribir una línea (mejor hubieran sido pirómaniacos, lanza fuegos, traga flamas) Malnacidos que abortos devieron irse derecho a la tumba, pero su recuerdo, la intensidad de su presencia creó fantasmas; legiones de sin cuerpo que pidieron sus letras, que las necesitaron.Porqué? Porque una cosa es sentir el vértigo y aguantarlo tragándotelo y otra, que un hijo de la chigada se tire al vacío y salga cagándose de la risa diciéndo “El averno no es tan profundo, y la peste tampoco es tan grande, nisiquiera está tan oscuro, y el diablo, el diablo es un pinche puto llorón” Yo por eso no digo mucho y lo que afirmo luego lo desmiento, me quedo callado,me embriago para soportar su paso (El de Girondo o Vallejo por ejemplo)y me hago a un lado, aunque aveces les digo: Adios hijo de la puta que en mala hora te pario. Gracias por las tardes inoculadas de rabia, los domingos sin risas, y las mujeres endilgadas en las entrañas!Ni dolores propios gracias alos tuyos, ya no sé si yo soy tú, si es tú cochina melancolía o yo le pertenezco a tu inmarcesible apnea.Heróe te gustan los epitafios? O no me oyes hijo de las mil vergas?
Para ser sincero, nunca he conocido buenas respuestas.
Tal vez una noche desperté y desde entonces la pesadilla no se acaba. O acaso lo olvidaba? Estaba bañado en sangre mas ya no sangraba y una costra ininterrumpida me bajaba por el pecho,con un supor a miel masticada y a ampula vencida. Apestaba a carne putrefacta,mas unos días en el refrigerador me devolvieron mi color.-Miento sabes- no lo sabes! No lo sabrás nunca!, como no se sabe a donde van a parar las cenizas. O las palabras mal dichas.
Ahora digo la verdad. Uno tiene que olvidar para caminar y cerrar los ojos sino la fantasía corre el riesgo de diluirse con la realidad y con ella nuestros misterios perfectos acaban públicados en un periódico... No lo sé y ojalá tú tampoco lo sepas. Así puedo engañarte y señalarte el mar sin fin para compararlo con una línea y preguntarte:

------------------------------------------------------------------------- así de pequeño es el infinito?

Gameto

Tenderte,
sí,
desdoblarte,
como si fueras un mapa
al que solo acudo a buscar reflejos,
ecos de ubicaciones prefabricadas,
espejos caleginosos
donde perder el camino sea más fácil;

Supongo
que lo que quiero es extrañarte,
alejándome del punto vacío
por donde nuestras despedidas se cruzaron
como crucigramas
que encerraban miradas
y gestos mullidos,

Tuvimos que callarnos...?
Para decir:

Tal vez sea,
que te encuentreen el infierno,
olvidada de las lineas de mano pútrida,
descompuesta, apestando a estiércol,
que ahí anhelará tocarte
esfúmandose en un latido
como perro horrorizado,
como un guate ajeno corrído a la sombra
por el fuego semejante a una tumba,
meditando
que el futuro
es solo su desaparición,
en rastros
de sudores inahalados
de pistolas no empuãnadas
ydejos acuosos
de lágrimas o
sáliva evaporada.

Pudimos decir:
No te veré más:
Mañana me saco los ojos,
con un abrelatas desepcionado
que esperaba
nenúfares de mi alma
y solo recibió limazas coprofágas
caracoles descabezados,
un par de testiculos emplazados
a producir más esperma para callar cualquier ansia





Texto Roberto Diaz
Ilustração Vítor Teves

Traçei-o de mim

Traç(ey)-o (D)e/MIM

Traço de Mim

Tracey Emin


Dois mil e sete. People like you need to fuck people like me. E assim começa a história da elipse aberta ao pensamento solitário e à visão insólita da luz vermelha sob o espectador. Esses lábios finíssimos abertos, que esboçam o som de palavras perdidas no esquecimento do nosso encontro, colam-se como por átomos mágicos naquela parede escura onde deixaste as marcas do teu esperma. Oculto na escuridão people like me need to fuck people like you. Palavra! Palavras mal desenhadas no espaço atingem-nos consumindo os nossos instintos, íntimos e distintos de auto-destruir essa mal desenha imagem vermelha. No fundo da elipse vive o orgulho e soberba de um Amor Intenso sobre o seu Eu, distante do Meu Eu e perto do Vosso Eu. People like you need to fuck people like me!




E como apropriação final
à maneira de vinci
o som de modo inequivocamente pudico
resultaria em EM
EKIL
ELPOEP KCUF
OT DEEN UOY
EKIL ELPOEP
(EM FEL EF EENFEL)………………………………………………… Dois mil e oito.

Sin-ismo

Letras e Belas Artes